E Agora, José?
O poeta Carlos Drummond De Andrade, escreveu um poema muito simples mas de beleza e signigicados muito profundos.
O poema gira em torno de várias perguntas, todas entrelaçadas a um tal José. Proporciona pensar que Drummond queria colocar toda a condição humana diante daqueles questionamentos Ele diz:
E agora José?
A festa acabou,
a luz se apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora josé,
e agora você?
Ao colocar esse tal José diante da dureza do '' agora'' o poeta parece querer forjar uma reação positiva, como se desejasse acordar José de uma espécie de LETARGIA PARALISANTE.
O agora está ai, e é preciso reagir. Não há para onde fugir.
O agora parece condensar toda a dureza da vida de maneira que José não tem para onde ir, se não para dentro de si mesmo. José não tem por quem procurar se não por ele mesmo.
O poeta quer fornecer a interpretação do sofrimento. E continua a mostrar a realidade ao José:
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
já não pode beber,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia,
e tudo acabou,
e tudo mofou,
e agora josé?
O poeta realiza o mesmo caminho que o sofrimento realiza na vida humana. Encaminha para a pergunta fundamental- E agora?
As estradas que eram tantas foram reduzidas, é preciso escolher o que faremos. Já não temos mais tudo o que tinhamos, e a insistencia da pergunta é para acordar José. Diante do sofrimento não podemos dormir, é preciso velar, buscar caminho, mas não o caminho fácil, das FUGAS, e sim o mais exigente, o mais tenebroso o mais cruel- que nos leva a nós mesmos.
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